Antes de ser mãe, eu era mulher e ainda sou.
Antes de ser mãe, eu era mulher.
Tinha nome, vontades, planos e sonhos que eram só meus.
Tinha uma identidade que não dependia de ninguém me chamar de “mãe de alguém”.
Ser mulher era habitar um corpo inteiro com desejos, medos, histórias e esperança.
Era caminhar com liberdade, rir alto, ter dias bons e dias em silêncio.
Era ser suficiente sendo apenas eu.
E então veio a maternidade.
E mais do que isso: veio a maternidade solo.
E com ela, um apagamento sutil e ao mesmo tempo violento.
Como se tudo o que eu era antes tivesse ficado em segundo plano.
Mas não ficou.
A mulher que existe em mim resistiu. Mesmo cansada, mesmo ferida, mesmo invisível para tantos, ela permaneceu.
No meio das fraldas, da dor, do medo e da força ela nunca deixou de ser.
Hoje, eu sou mãe.
Sou tudo.
Mas também sou aquela mulher de antes.
Inteira, viva, merecedora de amor, descanso, prazer e reconhecimento.
A maternidade não apagou quem eu sou.
Ela me multiplicou.
Você não deixou de ser mulher porque virou mãe. Você apenas se tornou ainda mais.



