Fui mãe solo desde a primeira semana de gestação



Descobri a gravidez e, junto com ela, veio o silêncio.
Ele virou as costas. Fingiu que não era com ele.
E, de repente, tudo o que era sonho virou peso que só eu teria que carregar.
Fui acusada, julgada, desacreditada.
As pessoas se afastaram, as perguntas vieram, os olhares me feriram.
Mas mesmo assim, eu segui.
Eu fui mãe desde o primeiro enjoo.
Desde o teste positivo tremendo nas mãos.
Desde a solidão daquele primeiro ultrassom.
Desde o dia em que chorei no banho sem saber como ia contar pra minha família.
Desde o momento em que decidi não desistir de mim, nem da vida que crescia em mim.
Ser mãe solo desde a gestação é sentir tudo multiplicado.
É viver o medo sem abraço, a alegria sem comemoração, a dúvida sem conselho.
É ter que se tornar forte antes mesmo de ter o bebê no colo.
Mas também é se encontrar.
É descobrir uma força que não vem do outro, mas de dentro.
É ser abrigo e tempestade. É ser chão, muro e céu.
É renascer como mulher, como mãe e como gigante.
Eu fui deixada sozinha, mas nunca estive vazia. Porque desde o começo, meu amor foi companhia suficiente.
